Datas como Black Friday, Natal e Ano Novo costumam apertar ainda mais o bolso dos brasileiros. Na casa da advogada Gisele Soares, as comemorações precisarão ser mais modestas desta vez. “Eu não pretendo gastar muito nem na comemoração de Natal, a minha família também é pequena, e nem na comemoração do Ano Novo.
A gente vai passar em casa, tentando gastar o mínimo possível”, confessa a advogada. Uma pesquisa divulgada nesta semana pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo aponta que o número de brasileiros endividados chegou ao patamar recorde em outubro. 74,6% das famílias têm contas em aberto, o maior número dos últimos 11 anos.
O principal tipo de dívida da população segue no cartão de crédito, que corresponde a 84,9% dos débitos em aberto; seguido do carnê de lojas, com 20,2%, e do financiamento automotivo, com 12,7%.
O financiamento de casas soma 9,7% das contas e, o crédito pessoal, 9,2%. Para ampliar o poder de compra do consumidor para datas comemorativas do fim do ano, as instituições têm investido em feirões “limpa nome”. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, realiza o programa “Você no Azul” até o fim do ano; Comgás e Serasa também fazem mutirões de quitação de dívidas, com descontos que podem chegar a até 99%.
O presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros, Reinaldo Domingos, aponta que os feirões são uma boa alternativa para as mais de 12 milhões de famílias endividadas, mas ressalta que é preciso atenção.
“Esses feirões ‘limpa nomes’ trazem uma possibilidade de você até mesmo fazer uma boa negociação, mas é preciso muita atenção quando você toma uma decisão de fazer um acordo ou usar o único dinheiro que você tem para quitar aquela inadimplência”, alertou. De acordo com a pesquisa da CNC, as dívidas atingem todas as famílias do país independente da condição social.
A taxa de endividamento das famílias com renda de até dez salários-mínimos saltou de 68% em outubro de 2020 para 75,9% no último mês. Para grupos com renda acima de dez salários-mínimos, o índice subiu de 59,4% para 69,5%.