O setor imobiliário atravessou a pandemia da Covid-19 com números positivos, mas, com a escalada da inflação, o Banco Central tem sido forçado a elevar a taxa básica de juros, a Selic. Em outubro, a taxa foi elevada para 7,75%, a mais alta desde setembro de 2017.
Em agosto, a Selic estava em 2%, e, a cada ponto percentual a mais, as prestações sobem nos financiamentos e afastam muitos brasileiros da compra do imóvel, reduzindo o desempenho do mercado imobiliário. Enquanto isso, o governo federal busca criar espaço fiscal para bancar o programa Auxílio Brasil e o mercado reage contra o furo no teto dos gastos.
O presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras imobiliárias (ABRAINC), Luiz França, lembra que as eleições são apenas em 2022 e condena a paralisia na discussão das reformas.
“Para o bem do Brasil, a classe política deveria observar tudo isso e trabalhar nas reformas, independente desse momento político pré-eleição ou do que muito se fala que está se antecipando as campanhas para eleição, acho que a classe política deve olhar para o seu eleitor, que é o brasileiro, e olhar pro Brasil, para que a gente possa fazer, o mais rápido possível, as reformas necessárias no país.
O CEO da Tegra Incorporadora, Ubirajara Freitas, reforça que o setor imobiliário trabalha no longo prazo e que as turbulências impactam os projetos. “Obviamente esses temas econômicos e políticos afetam a todos. Nós vendemos o bem de maior valor agregado que existe, porém nós temos que ter uma estrutura de capital da empresa adequada para os percalços de médio e longo prazo.
Como eu disse no evento, nós estamos otimistas, mesmo com tudo que está acontecendo, nós estamos planejando a sequência de empreendimentos de lançamentos, e em havendo crescimento do PIB para o ano que vem, acho que o mercado imobiliário ajuda nesse processo e vai ser positivo”, afirmou Freitas.
No primeiro semestre de 2021, foram vendidos na capital paulista 30 mil novos imóveis, a melhor marca desde 2004, de acordo com Secovi-SP, sindicato da habitação. A Caixa Econômica Federal bate recordes seguidos nos financiamentos imobiliários, cenários muito acima da expectativa para dois anos de pandemia.
Mas a Selic deve permanecer em alta porque a inflação não perde fôlego. E, por isso, os cenários são mais desafiadores para 2022. O economista da Fipe Eduardo Zilberstein analisa a pesquisa sobre a renda e o tamanho das moradias no Brasil. “Os 10% mais ricos são aquelas famílias que ganham acima de R$ 9 mil.
Essas têm acesso a imóveis com mais de 100, 130 metros quadrados, em geral, claro, que as mais ricas tem acesso a ainda mais. Mas quando a gente olha para as famílias mais pobres, a gente vê como ainda temos um país em que o acesso à casa própria é um grande problema, um grande desafio”, afirma.