O ministro da embaixada da China no Brasil, Qu Yuhui, me contou, em entrevista ao Painel Hora H do Agro, que tem expectativas de que, até o fim de janeiro de 2022, o país asiático volte às compras da carne bovina brasileira, paralisadas há pelos menos dois meses. “O Ano Novo chinês só vai chegar no final de janeiro.
Eu espero que, até lá, a gente vai conseguir resolver essa questão. Aliás, queria aproveitar e agradecer os colegas do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e da agricultura do Brasil, que têm mostrado muita disposição e sinceridade excepcional para trabalhar com nossos colegas lá na China. Mas, como eu falei, a Organização Mundial de Saúde tem seu critério, a China tem o seu próprio critério e o Brasil tem o seu critério.
E, alias, o Brasil também está tentando atualizar algumas das suas legislações e práticas para compatibilizá-las com as regras internacionais. Acho que tudo isso vai ajudar, e claro, nós estamos correndo contra o tempo para que esse impasse seja solucionado com uma maior brevidade”, destacou Yuhui.
Em nota, o Ministério da Agricultura afirmou que tem mantido negociações com as autoridades chinesas e oferecido, com celeridade, as informações solicitadas. No entanto, salientou que ainda não há data de retorno para as exportações brasileiras de carne bovina para o país asiático. No acumulado deste ano, 56% de toda carne bovina do Brasil foi exportada para a China.
A ausência do cliente tem impactado na formação de preço aos pecuaristas, que viram a arroba cair de R$ 305 para R$ 257, perda de 16% no valor desde o fim de setembro até o fim de outubro. A pressão baixista ainda é pouco sentida pelos consumidores, que reclamam do alto preço da proteína no Brasil.
Os embarques de carne para a China foram suspensos depois da identificação de dois casos do mal da vaca louca no rebanho brasileiro. Após testes, a Organização Mundial de Saúde Animal confirmou que se tratavam de casos atípicos, sem risco de contaminação do rebanho ou contaminação a partir do consumo de carne. Mesmo assim, Pequim ainda não voltou ao mercado. Os sinais vindos dos governos são positivos, há aparente cooperação e interesse em restabelecer esse canal de negócios. Tudo indica que logo as exportações voltarão a ocorrer.