Economia

Renda do brasileiro é a menor em 8 anos, aponta IBGE

Pandemia provoca queda de 3,4% no rendimento médio real em 2020, e participação do trabalho diminui

20/11/2021 11h41
Por: Redação
Fonte: Correio Braziliense

O rendimento médio mensal real do brasileiro teve queda recorde de 3,4% em 2020, durante o auge da pandemia do novo coronavírus, atingindo seu menor valor desde 2012. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Com a pandemia, o rendimento mensal médio real de todas as fontes caiu de R$ 2.292, em 2019, para R$ 2.213 em 2020. Esse é o menor valor registrado pela série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada há oito anos.

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A maior parte das fontes de renda registrou queda. A mais intensa foi notada entre as chamadas "outras fontes", que englobam aposentadorias, pensões e aluguéis. No caso dos aposentados e pensionistas, o IBGE atribuiu parte da redução ao aumento da mortalidade entre idosos na pandemia. "Pode ser efeito da mortalidade da covid-19, mas também de um represamento do INSS em liberar os benefícios, porque as agências de atendimento estavam fechadas, as pessoas não conseguiam fazer perícias", ponderou Alessandra Scalioni Brito, analista do IBGE.

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Com a crise sanitária e econômica, o total de pessoas que mantinha algum rendimento do trabalho recuou de 92,8 milhões para 84,7 milhões, uma redução de 44,3% para 40,1% da população. Já o rendimento médio mensal habitualmente recebido do trabalho registrou aumento em 2020 por conta de um efeito estatístico. Com a saída de 8,1 milhões de pessoas do mercado de trabalho, em conseqüência do desemprego recorde, a média dos ganhos dos que permaneceram trabalhando subiu. Isso ocorreu porque a maioria das pessoas que perderam o emprego recebia rendimentos mais baixos; assim, a média acabou aumentando. A taxa média de desemprego no ano de 2020 foi de 13,5%, a maior da série iniciada em 2012. Em 2019, foi de 11,9%.

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A Pnad revelou, ainda, que o número de pessoas que recebiam "outros rendimentos" subiu de 16,4 milhões, em 2019, para 30,2 milhões, em 2020, com um aumento de 6,5%. O crescimento é explicado pelo grande contingente de pessoas que passou a receber o Auxílio Emergencial, benefício criado pelo governo para socorrer as pessoas que se viram sem dinheiro para prover o próprio sustento em consequência do desemprego e das restrições impostas pelo combate à pandemia, como o isolamento social.

Com a redução da participação da renda vinda do trabalho, o rendimento proveniente de outras fontes (28,3%) e de outros rendimentos (14,3%) cresceu e bateu recorde. Entre os dois indicativos o crescimento mais expressivo foi o da proporção de pessoas com outros rendimentos, que foi de 7,8% em 2019 para 14,3% em 2020.

Em comunicado, o IBGE destacou que "a tendência de aumento do peso do rendimento de outras fontes e redução da parcela correspondente ao rendimento do trabalho, observada entre 2019 e 2020, ocorreu em todas as grandes regiões".

A região Sul registrou o maior percentual (46%) de pessoas com rendimento habitualmente recebido do trabalho. Enquanto isso, o Nordeste teve o pior desempenho nesse quesito, com 32,6% de pessoas com rendimento recebido do trabalho — percentual inferior ao das que sobreviviam com recursos de outras fontes (32,8%), um indicativo do peso que as diferentes formas de auxílios e benefícios assumiram para a população local.

De acordo com a Pnad, o maior valor do rendimento médio mensal real foi percebido no Sudeste (R$ 2.575). O menor, no Nordeste (R$ 1.554). Por outro lado, o Sudeste também foi o que registrou maior queda nesse quesito (-4,7%); já no Sul (-4,3%) o recuo foi mais intenso que a média nacional. O Centro-Oeste (-3,3%) acompanhou a média do país; a região Norte, por sua vez, registrou estabilidade do indicador, enquanto o Nordeste apresentou aumento de 1%.


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