O Nubank fixou preço de US$ 9 cada papel em seu IPO (oferta inicial de ações) na Bolsa de Nova York (Nyse) e estreia nesta quinta-feira, 9, avaliado em US$ 41,5 bilhões, o maior valor de mercado entre os bancos listados na América Latina.
No Brasil, o segundo banco brasileiro de maior valor é o Itaú, US$ 37,7 bilhões, seguido do Bradesco, com US$ 33,3 bilhões. Com a capitalização a fintech torna-se a quarta maior companhia brasileira listada em Bolsa, atrás apenas de Petrobras, Vale e Ambev.
Criado pelo colombiando David Vélez, pela brasileira Cristina Junqueira e pelo americano Edward Wible, o banco digital teve de reduzir em 20% a faixa de preço de suas ações de forma a garantir que seu IPO saísse. A faixa inicial de preço entre US$ 10 e US$ 11 caiu para US$ 8 e US$ 9, em função da Ômicron, nova variante do Coronavírus. O IPO movimentou US$ 2,6 bilhões na Bolsa americana.
Conexão forte com a marca
Em oito anos, a instituição financeira, que tem hoje 48 milhões de clientes, cresceu oferecendo contas digitais gratuitas e pouca burocracia para um público preterido pelos grandes bancos, que cobram tarifas dos clientes.
“O Nubank está mais conectado com o novo perfil de consumidores, como a geração Y, Z e pessoas que nunca foram interessantes, comercialmente falando, para os grandes bancos, como pessoas periféricas. Esse público recebeu o primeiro cartão de crédito de sua vida. Isso sinaliza um empoderamento e, consequentemente, uma conexão muito forte com a marca”, afirma Diego Pérez, presidente da Associação Brasileira das Fintechs (ABFintechs).
Em suas conversas país afora com investidores, representantes do governo e dirigentes de entidades semelhantes à ABFintech, Pérez diz que todos ficam impressionados como os brasileiros gostam do Nubank. “Essa admiração mostra a conexão e isso tem valor no mercado.”
Até o mega investidor Warren Buffet, encantado com o modelo de negócio do banco digital, aportou US$ 500 milhões através da Berkshire Hathaway, sua holding de investimentos.
Garantia de investidores
Para enfrentar apostas cada vez menores de investidores em ações das fintech, o Nubank garantiu que seus investidores âncoras como os fundos Sequoia, Tiger, Softbank, Dragoneer, Baillie Gifford, Sands Capital, Invesco, além dos fundos geridos pelos bancos Morgan Stanley e J.P Morgan comprassem quase a metade da oferta, cerca de US$ 1,3 bilhão em papéis.
A fintech, que acumulou alguns prejuízos ao longo de sua trajetória, apresentou seu primeiro lucro de apenas R$ 76,294 milhões, no primeiro trimestre de 2021, considerando só a operação brasileira. O grande desafio a ser enfrentado agora é gerar lucro de forma contínua com as ações oferecidas em Bolsa.
Uma das apostas do Nubank, segundo especialistas, será gerar receita com produtos de investimentos. O banco digital adquiriu a corretora Easyinvest e criou a NuInvest, seu próprio braço de investimentos.
Anitta faz a festa
Em sua oferta de IPO, o Nubank ofereceu cerca de R$ 200 milhões de Brazilian Depositary Receipts (BDRs), que equivalem a recibos de ações, e serão negociados na bolsa brasileira B3, a um grupo de clientes. Cada BDR tem 1/6 do valor da ação americana.
A maior parte dos recursos do IPO vai para o caixa da companhia, sendo que 25% serão destinados para capital de giro, 25% para despesas operacionais, 25% para despesas de capital e 25% para investimentos e aquisições potenciais.
A cantora Anitta, convidada a participar como membro do Conselho de Administração do banco para trazer mais engajamento, fará um show de comemoração da abertura de capital do banco.