O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato à Presidência da República, deu o tom da sua campanha durante sua passagem por Campinas na última quinta-feira (5). Em ato realizado no início da noite na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Lula dirigiu duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal oponente na corrida ao Palácio no Planalto.
O petista afirmou que o atual governo é conduzido por quem não entende de gente, de universidade, de sindicato, de mulher, de sociedade. "Só entende de fake news", disparou. Durante o dia, Lula visitou a Vila Soma, em Sumaré. Depois, almoçou com o físico Rogério Cerqueira Leite, seu amigo de longa data. Na universidade, o pré-candidato foi recebido com festa. No condomínio de Cerqueira Leite, com hostilidade.
Em discurso na Unicamp, acompanhado do ex-ministro da Educação Fernando Haddad, atual pré-candidato ao governo de São Paulo, Lula destacou as dificuldades que enfrentou no início do primeiro dos seus dois períodos na Presidência. Segundo ele, sua decisão mais sábia na ocasião foi determinar ao ministério que encarasse os recursos destinados à educação como investimento e não como gasto.
"Eu tenho orgulho de dizer que um metalúrgico sem diploma superior foi o presidente que mais construiu universidades no Brasil", afirmou. Tratado como "aula magna", o evento reuniu uma plateia estimada em mais de 10 mil pessoas no Teatro de Arena da universidade.
À plateia, o petista também falou da importância de os brasileiros derrotarem nas urnas o projeto representado por Bolsonaro, para que o país retome o caminho do crescimento econômico, da democracia, do bem-estar social e das boas práticas nas relações internacionais. "Infelizmente, tudo isso acabou. Se nós voltarmos ao poder,vamos mudar isso. Vamos fortalecer os Brics [sigla que designa o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] para não ficarmos dependentes de uma única moeda", prometeu.
Estiveram também presentes ao evento representantes de movimentos sociais e políticos de Campinas e região, além de nomes que participaram dos dois mandatos do petista enquanto ele ocupou o Palácio do Planalto. A ocupação do teatro de arena da Unicamp começou logo nas primeiras horas da tarde.
Centenas de estudantes se aglomeraram para receber o ex-presidente. A doutoranda em Química na Unicamp, Viviane Souza, 36 anos, foi uma das estudantes que chegou cedo para participar do ato, considerado histórico. "Para mim é um orgulho estar aqui para ouvir presidente Lula falar. Eu só estou aqui por conta das políticas de inclusão colocadas em prática no governo dele", disse.
O estudante de engenharia elétrica, Arlindo Baré, do povo indígena Baré, do município de São Miguel da Cachoeira, no Amazonas, entregou ao ex-presidente demandas dos povos indígenas e da floresta e lembrou de membros da tribo Ianomâmi, que estão desaparecidos. "Represento aqui um coletivo de estudantes indígenas da Unicamp.
E queremos construir um diálogo no sentido da importância de se ampliar o acesso às universidades para os povos indígenas. Queremos também um olhar mais atuante aos povos da floresta e também para a floresta que está sendo derrubada", disse.
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