Vídeo que viralizou nas redes sociais no domingo (17) mostram imagens chocantes de pessoas pobres, em situação de vulnerabilidade social, a revirar um caminhão de lixo em busca de comida. As cenas tristes aconteceram em Fortaleza, capital do Ceará, e foram filmadas por um motorista de aplicativo.
À medida que gravava com o telefone, o motorista André Queiroz relata que as pessoas haviam se unido para pegar os alimentos que eram descartados por um supermercado na área nobre da capital cearense. “Pois é, muito triste. Existem cenas como essa sempre naquela região. Sempre vejo, mas não como essa daí. Por isso resolvi filmar. É bem impactante”, afirmou.
Um funcionário desse supermercado, que preferiu não se identificar, disse ao G1 que a cena se repete com frequência e que flagra pessoas a procurar comida no local todas as semanas. Além de adultos, há também crianças.
“É isso aí que você vê no vídeo. Faz pena ver essas pessoas nessa situação humilhante. São idosos e até crianças, algumas vezes. As crianças chegam a entrar no caminhão. Os próprios lixeiros ficam sensibilizados. Alguns chegam até ajudar”, disse.
O funcionário do estabelecimento contou ainda que a cena se tornou ainda mais “comum” após a pandemia. Antes, segundo ele, a maioria das pessoas aparecia no ponto de descarte em busca apenas de material reciclável, como papelão, caixas e plásticos.
“Eram catadores que procuravam material para ser reciclado. Hoje o que vemos aqui é gente atrás de se alimentar. Eles pegam tudo. Hortaliças, mortadela, pão vencido e também as frutas. Uma cena de cortar o coração”, lamenta o funcionário.
Quase 20 milhões de brasileiros, um Chile, declaram passar 24 horas ou mais com fome, ou seja, sem ter o que comer em alguns dias. Mais 24,5 milhões não têm certeza de como se alimentarão no dia a dia e já reduziram quantidade e qualidade do que comem. Outros 74 milhões vivem inseguros sobre se vão acabar passando por isso.
No total, mais da metade (55%) dos brasileiros sofriam de algum tipo de insegurança alimentar (grave, moderada ou leve) em dezembro de 2020, segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
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