Os governos da Venezuela e da Guiana voltarão a se reunir nos próximos três meses, ou “em outro momento acordado”, desta vez no Brasil, para tratar de “qualquer assunto com implicações” para Essequibo – um território de cerca de 160 mil quilômetros quadrados rico em petróleo e disputado por Caracas e Georgetown. A decisão foi tomada nesta quinta-feira, 14, em São Vicente e Granadinas, em uma primeira reunião entre as partes.
O compromisso está contido em uma declaração conjunta, lida após a reunião no país insular entre os presidentes venezuelano, Nicolas Maduro, e guianense, Irfaan Ali. A reunião, inicialmente agendada para o primeiro trimestre do próximo ano, também vai abordar uma atualização a ser apresentada pela agora criada “comissão conjunta de ministros das Relações Exteriores e técnicos dos dois Estados”, a fim de “tratar de questões mutuamente acordadas”.
As partes também concordaram que o primeiro-ministro de São Vicente e Caribe e presidente rotativo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Ralph Gonsalves; o primeiro-ministro de Dominica e presidente da Comunidade do Caribe (Caricom), Roosevelt Skerrit; e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “continuarão a tratar do assunto como interlocutores”. Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, atuará “como observador, com a concordância permanente” de Maduro e Ali. O documento enfatiza que, “para evitar dúvidas, o papel” de Gonsalves “continuará mesmo depois que São Vicente e Granadinas deixar” a presidência da Celac, e que Skerrit continuará como “membro da mesa” da Caricom.
Caracas e Georgetown concordaram em não se ameaçar mutuamente ou usar a força em nenhuma circunstância, incluindo aquelas “decorrentes de qualquer controvérsia”, como a disputa sobre Essequibo. Além disso, eles “cooperarão para evitar incidentes em campo que levem a tensões” e, caso isso ocorra, “vão se comunicar imediatamente entre si”, com a Caricom, com a Celac e com Lula para “conter, reverter e evitar que se repitam”.
A controvérsia aumentou depois que a Venezuela aprovou a anexação de Essequibo – criando um estado chamado Guiana Essequiba – em um referendo unilateral no dia 3 de dezembro, e o governo de Maduro ordenou o estabelecimento de uma divisão militar perto da área disputada, além de uma autoridade para administrar a região.
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