Conhecido como derrame, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda maior causa de mortes no Brasil. Além disso, informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam para o fato de que a doença atinge cada vez mais a população jovem. Nos últimos cinco anos, foram 13 mil mortes de brasileiros entre 15 e 40 anos por este motivo, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Manuela Barcelos, de 34 anos, sofreu um AVC isquêmico em 2017. A jovem, que era confeiteira, conta que a doença virou a vida dela de cabeça para baixo: “Passei a valorizar mais as pequenas coisas, os momentos, e a ser grata por tudo que tenho e vivi”.
Por causa do trabalho, Manuela tinha uma rotina estressante e agitada: “Basicamente só ia para casa pra tomar banho, comer e dormir”. Atualmente, está aposentada por invalidez e não exerce nenhuma atividade profissional. Ela relata que a doença a deixou com todo o lado esquerdo do corpo paralisado, ficando sem movimentos no braço e na perna.
“Infelizmente, tive de parar de trabalhar, exercia uma profissão que exige autonomia e movimentos precisos. Também tive de adiar meus planos pessoais. Planejava viajar pelo mundo e pretendia realizar alguns cursos de gastronomia no exterior”, relata.
No dia anterior ao episódio, Manuela sentiu uma dor de cabeça intensa e, mesmo assim, seguiu trabalhando. No momento do AVC, a boca da jovem começou a ficar torta, e o corpo foi enfraquecendo. Ela estava em casa com a mãe, e as duas correram para o hospital.
Ao todo, foram 15 dias em unidade de terapia intensiva (UTI) e mais 30 de internação no hospital Santa Lúcia. Além disso, Manuela passou mais dois meses de reabilitação neurológica no Hospital Sarah Kubitschek. Foi durante a internação que recebeu o diagnóstico de lúpus e de síndrome antifosfolípide, condições que favorecem a formação de coágulos na corrente sanguínea.
Entre as pessoas mais velhas, a predominância dos AVCs ocorre entre homens. Já em pacientes mais jovens, as mulheres costumam liderar o ranking por estarem mais suscetíveis às doenças reumatológicas e autoimunes, que costumam interferir na coagulação sanguínea.
A coordenadora de Neurologia do Hospital Santa Lúcia, Thaís Augusta, explica que os AVCs podem ser de dois tipos: isquêmico e hemorrágico. No primeiro, acontece uma obstrução arterial que impede a passagem de oxigênio para as células cerebrais. O segundo é uma hemorragia na região do cérebro provocada pelo rompimento de um vaso.
Os principais sintomas da ocorrência de um AVC são boca torta, diminuição de força de um lado do corpo e alterações na fala. A prevenção, por sua vez, é simples e vale para todos os grupos etários. “É necessário incorporar hábitos de vida saudáveis, que incluam a prática de atividades físicas e uma dieta balanceada”, explica Thaís.
A neurologista relata que os fatores de risco para derrames são hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, sedentarismo, tabagismo e estresse.
Depois do AVC, Manuela incorporou exercícios diários na rotina. Faz tratamento de fisioterapia para estimular os movimentos do corpo. “Na medida do possível, tenho obtido bons avanços. Primeiro, recuperei a sensibilidade do lado afetado e, aos poucos, estou conseguindo recuperar os movimentos dos membros”, assinala.
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